A mais inútil coisa deste mundo é o arrependimento, em geral quem se diz arrependido quer apenas conquistar perdão e es- quecimento, no fundo, cada um de nós continua a prezar as suas culpas [...]In O Ano da Morte de Ricardo Reis, Ed. Caminho, 14.ª ed., p. 282(Selecção de Diego Mesa)
Nada está definitivamente perdido, as vitórias parecem-se muito com as derrotas. Nem umas nem outras são definitivas.“José Saramago: ‘El hombre actual se dedica sobre todo a hacer zaping”, La Gaceta de Canarias, Las Palmas de Gran Canaria, 7 de Junho de 1998
Ao contrário do que é costume dizer-se, duas fraquezas não fazem uma fraqueza maior, fazem uma força nova, provavelmente não é assim nem nunca o foi, mas há ocasiões em que conviria que o fosse [...]A Caverna, Ed. Caminho, 2.ª Ed., Lisboa, p. 42(Selecção de Diego Mesa)
À paciência divina teremos que contrapor a impaciência humana. Para mudar as coisas, a única forma é ser impaciente.“La única forma de cambiar las cosas es ser impaciente”, Clarín, Buenos Aires, 23 de Outubro de 2005
Jamais nós, escritores, mudaremos o mundo. A arte e a literatura carecem de poder frente aos exércitos. Outra coisa é que o artista, ou o escritor, enquanto cidadãos, intervenham para tornar público o seu protesto, e que as suas palavras possam ter um ou outro eco moral.Todos os cidadãos, escritores ou não, temos não apenas o dever de dizer mas também de fazer. E não apenas na cara do nosso país. Também de frente para o mundo.“Israel es rentista del Holocausto”, en ¡Palestina existe!, Madrid, Foca, 2002
No acto de escrever coincidem duas posturas, a autoridade e a sedução. Com estas duas pernas, a literatura caminha. O escritor tem um poder sobre o leitor.“José Saramago: ‘Escribimos porque no queremos morir”, La Provincia, Las Palmas de Gran Canaria, 11 de Março de 1993
Eu estou comprometido com a vida e esforço-me por transformar as coisas, e para isso não tenho mais remédio senão fazer o que faço e dizer o que sou.“Hay que volver al compromiso: el escritor tiene que decir quién es y qué piensa”, Faro de Vigo, Vigo, 19 de Novembro de 1994
Gostaria de encontrar-me com Voltaire e dizer-lhe que tinha razão quando tinha a sua céptica e pessimista opinião sobre o género humano. Dir-lhe-ia que teve razão e que muitos anos depois não mudámos nada, que há motivos para pensar que, se ele vivesse no século XX, teria, todavia, muito mais razão.“El sueño de las olas de piedra”, Diario Uno, Mendoza, 13 de Setembro de 1998
A participação política deu-me algo muito importante, um sentimento solidário muito forte, a consciência de participar numa luta pela humanidade, com todas as sombras históricas que essa luta teve.“No me hablen de la muerte porque ya la conozco”, El País (Suplemento El País Semanal), Madrid, 23 de Novembro de 2008
É uma falácia falar de uma globalização na qual todas as culturas se mesclariam, dando lugar a uma situação multicultural. O que está a suceder agora é uma laminação das culturas pequenas por uma cultura imperial, que é a ocidental, e sobretudo norte-americana. O que acontece? Que as culturas que se sabem ameaçadas resistem.Juan Arias, José Saramago: El amor posible, Barcelona, Planeta, 1998