04 Out, 2011
"Claraboia" IV
Empurrou-a docemente na direcção do quarto. Maria Cláudia nunca ali entrava sem se perturbar. O quarto de Lídia tinha uma atmosfera que a entontecia. Os móveis eram bonitos, como nunca vira, havia espelhos, cortinas, um sofá vermelho, um tapete felpudo no chão, frascos de perfume no toucador, um cheiro de tabaco caro, mas nada disto, isoladamente, era responsável pela sua perturbação. Talvez o conjunto, talvez a presença de Lídia, qualquer coisa imponderável e vaga, como um gás que passa através de todos os filtros e que corrói e queima.